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Templo de Jano (Fórum Romano)

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 Nota: "Templo de Jano" redireciona para este artigo. Para o templo de mesmo nome no Fórum Holitório, veja Templo de Jano (Fórum Holitório).
Templo de Jano
Templo de Jano (Fórum Romano)
Templo de Jano com as portas fechadas (a guirlanda marca o evento). À frente, a Vitória apresenta os espólios da guerra.
Templo de Jano (Fórum Romano)
"Augusto fecha as Portas do Templo de Jano" (1681), por Louis de Boullogne.
Informações gerais
Tipo Templo romano
Construção século VIII a.C.
Promotor Numa Pompílio
Geografia
País Itália
Cidade Roma
Localização VIII Região - Fórum Romano
Coordenadas 41° 53′ 34,73″ N, 12° 29′ 08,6″ L
Templo de Jano está localizado em: Roma
Templo de Jano
Templo de Jano

Templo de Jano (em latim: Aedes Janus) era um antigo templo dedicado ao deus Jano, o deus duas faces das fronteiras, localizado perto do Argileto, no Fórum Romano. Ele tinha duas portas, uma cada extremidade, e abrigava uma estátua do deus. Estas portas, chamadas de "Portas de Jano" eram fechadas em tempos de paz e abertas em tempos de guerra.

De acordo com Lívio (1.19), o segundo rei de Roma, Numa Pompílio, decidiu mudar os primeiros romanos, propensos à guerra, de seus modos violentos instigando neles o espanto e a reverência. Entre seus projetos estava a promoção da religião, a criação de cargos sacerdotais e a construção de templos, que tinham o benefício adicional de imbuir na população um senso de espiritualidade. O Templo de Jano foi o mais famoso deste projeto.

Descrições antigas

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Plutarco, na "Vida do Rei Numa", escreveu:

[Jano] também tinha um templo em Roma, com duas portas chamadas portas da guerra; pois o templo sempre ficava aberto em tempos de guerra, mas era fechado quando a paz chegava. Esta última era mais difícil e raramente acontecia, pois o reino estava sempre envolvido em alguma guerra, pois seu tamanho crescente o colocou em rota de colisão com as nações bárbaras que o cercavam. Mas, na época de Augusto, ele foi fechado logo depois da queda de Marco Antônio; e, ante disso, quando Marco Atílio e Tito Mânlio eram cônsules, ele foi fechado por um breve período; mas então a guerra irrompeu novamente e ele foi aberto[1]

Portas de Jano

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Sestércio de Nero com o Templo de Jano fechado no reverso, com as guirlandas indicando o momento festivo.

Durante o reinado de Numa, as Portas de Jano permaneceram fechadas e Roma ficou em paz. O rei seguinte, Túlio Hostílio, abriu as Portas de Jano quando iniciou sua guerra contra Alba Longa e elas permaneceram abertas pelos 400 anos seguintes, até logo depois da Primeira Guerra Púnica, quando Tito Mânlio as fechou em 235 a.C.. O templo ficou fechado por apenas oito anos, pois a guerra contra os gauleses no norte da Itália obrigou que elas fossem reabertas. Assim ficaram até 29 a.C., quando foram fechadas depois da morte de Marco Antônio e Cleópatra.

Segundo a "Feitos do Divino Augusto", o primeiro relato da vida de Augusto, "Jano Quirino, que nossos ancestrais desejavam que fosse fechado sempre que a paz fosse assegurada pelas vitórias em todo o império, por terra ou por mar, foi fechado, segundo os registros, antes de eu nascer, apenas duas vezes desde a fundação da cidade, mas o senado decretou que deveria ser fechado em três ocasiões enquanto fui príncipe"[2]. Pelo relato de Dião Cássio, é possível datar os dois primeiros eventos em 29 a.C. e 25 a.C.

Porém, a data do terceiro fechamento permanece tema de debates entre os estudiosos. O único autor antigo a datá-lo foi Paulo Orósio[3], que associa o fechamento ao nascimento de Cristo (entre 4 e 1 a.C.). Porém, acadêmicos modernos universalmente rejeitam esta hipótese, pois o exército romano estava em campanha pela Germânia e no Extremo Oriente nesta época. Inez Scott Ryberg e Gaius Stern datam este terceiro fechamento em 13 a.C., baseados no retorno conjunto de Augusto e Agripa a Roma depois de pacificarem as províncias[4]. Sir Ronald Syme[5] data o evento em 7 a.C., coincidindo com o triunfo de Tibério e seu segundo consulado, eventos ocorridos em anos perdidos numa lacuna dos manuscritos sobreviventes de Dião Cássio. Mario Torelli segue a data de Orósio[6].

Imperadores posteriores fecharam as Portas de Jano com grande fanfarra, a mais famosa delas na época de Nero e Vespasiano. O primeiro cunhou uma grande série de moedas com o Ara Pacis (e o Templo de Jano com as portas fechadas) no reverso para comemorar o evento. Outros imperadores certamente abriram e fecharam as Portas de Jano, mas as referências foram se tornando cada vez mais raras.

O poeta Virgílio também incluiu na Eneida a abertura das Portas de Jano para marcar o início da guerra entre troianos e latinos[7].

Referências

  1. Plutarco. «Vidas (vol. 1)» (em inglês). Projeto Gutemberg 
  2. {Feitos do Divino Augusto, parágrafo 13, disponível no Wikisource em inglês
  3. Orósio, Paganos 6.22
  4. Inez Scott Ryberg, "The Procession of the Ara Pacis," MAAR 19 (1949), 77-101; Gaius Stern, Women, Children and Senators on the Ara Pacis Augustae (Berkeley diss. 2006), and "How Many Lictors are on the Ara Pacis Augustae?" CAMWS 2007 (em inglês)
  5. Ronald Syme History in Ovid (1977), 24 ff, and "Problems with Janus," AJP 100 (1979), 188 ff (em inglês)
  6. Mario Torelli, Structure and Typology of Roman Historical Reliefs, (1982) Chapter 2: “A New Start: The Ara Pacis Augustae" (em inglês)
  7. Virgílio, Eneida 7

Ligações externas

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